domingo, março 13

Estado de espírito

Hoje o meu sentimento é uma mistura de alívio e tristeza.
Fui visitar a minha tia L. Que está doente. Muito doente. A lutar contra aquela doença terrível, que ceifa vidas diariamente, que não escolhe idades... Que leva quem mais gostamos sem que possamos fazer nada...
Ia com algum receio do cenário que ia encontrar.
Ela está perfeitamente consciente do estado em que se encontra, do que o futuro lhe reserva, dos próximos passos...
E eu também fiquei. Mas gostei muito de lá estar, de a abraçar, de a ver, de falar com ela. E por isso sinto alívio de não ter adiado a visita pensada há já muito tempo.
Venho triste por constatar que é mesmo como me dizem, que as pessoas lutam, até poder, mas que sabem o que lhes vai acontecer. E a família mais próxima também sabe. O filho e a nora, o marido, a neta, as pessoas que lhe querem melhor e que por ela sofrem. Muito.
Ela pretende ter a melhor qualidade de vida possível, mesmo que isso signifique diminuir o tempo que estará entre nós.
Eu não sei o que pensar a respeito. Se à partida o objectivo devesse ser sempre prolongar a vida, por outro lado entendo perfeitamente que a dificuldade de respirar, o mau estar sufocante provocado pelos tratamentos que, palavras dela, não se pode dar ao luxo de dispensar, tudo o que o maldito cancro lhe leva, devem ser, muitas vezes, mais pesados e difíceis de suportar do que imaginar o fim da vida mais perto... muito mais perto do que deveria.
E por isso estou triste. Ela é uma pessoa muito forte, já não é a primeira vez que passa por este pesadelo que, infelizmente, é tão real, mas agora sinto-a revoltada. Revoltada com a vida e consciente demais dos tempos que se avizinham.
É uma doença terrível.
Deus nos livre. (suspiro)

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