segunda-feira, outubro 3

Fim do dia na Casa Amarela...


Chegar a casa e não ter lugar à porta porque a obra que mais se assemelha a Santa Engrácia do vizinho da Casa ao lado ainda não terminou e os Senhores trazem carrinhas e mais carrinhas, todas grandes, e ocupam os melhores lugares.
Deixar o carro lá ao fundo, a praguejar, pois claro, trazer o ovo, a minha mala, a mochila dela, o saco de compras (vá lá que eram só sacos do lixo e gressinos) numa mão e o miúdo na outra, debaixo de um sol abrasador, ainda que fossem só cinco e meia da tarde...
Entrar em casa, um calor insuportável até que o Ar Condicionado (bendito inventor...) começasse a bombar, pousar a miúda na espreguiçadeira, acordadíssima, e abrir a porta para ele se ir molhar no balde do jardim.
Descascar batatas, uma cenoura, uma cebola e espinafres e pôr a sopa a cozer.
Tirar loiça da máquina e pôr a mesa.
Desligar a sopa, subir com ela à tiracolo para banho, gritar por ele, várias vezes.
Encher a banheira para ele. Encher a banheira para ela.
Chamar por ele mais cem vezes.
Dar banho a ela.
Chamar por ele outra vez.
Vesti-la.
Pousá-la e descer, em brasa, e trazê-lo debaixo de gritos e choro.
Birra no auge. Ele chora, ela chora. Ele grita. Não se quer sentar. Toma banho de pé. Duche. Debaixo de gritos. Berros, aliás. Ela chora. Tirá-lo da banheira à força. Limpá-lo a correr e a suar.
Pô-lo de castigo na cama, e daí não sais enquanto eu não disser, vestir o pijama e limpar-lhe o ranho do choro ao mesmo tempo.
Mandar sms ao papá a perguntar previsões de saída.
"Chego às oito".
Pensar no jantar dele. Pensar no nosso.
Ele chora. Ela chora.
Dou-lhe de mamar para ver se acalma.
Ele cala-se.
Descemos todos.
Ela acorda e recomeça a chorar.
Sento-o à mesa, com ela ao colo e dou-lhe a sopa. Ele come sem piar. Vá lá...
Ela chora.
Faço-lhe um ovo mexido e ele come com gressinos.
Chaga o papá.
Ela chora.
O papá agarra-se ao fogão e ela entretanto adormeceu.
Jantamos em sossego. Momentâneo.
Ela acorda.
Já tem fome outra vez.
Subo e toca a alimentá-la outra vez.
Hoje chorei.

Bolas, que isto cansa....

5 comentários:

  1. Porque sei perfeitamente o que estás a sentir Teresa, gostava que lesses o meu blog para perceberes que não és a única a passar por isto. Mas o meu blog é privado porque escrevo-o com o intuito de um dia os meus filhos lerem as suas infâncias e saberem como foi o inicio das suas vidas, e assim publico muitas fotos e faço do blog um diário da minha vida também. Mas ao ler este post, fiquei com tanta vontade que pudesses ler e sentires-te melhor porque não estás sozinha. Tenho dois filhos (menina com 3 anos e menino com 1 ano) e recordo que há bem pouco tempo quando estive de licença de maternidade do Afonso, o meu marido estava a concluir os estudos à noite e eu ficava sozinha com eles os dois. Passei por muitos momentos que senti angustia e cheguei a pensar se estavmosa com o tino todo quando decidimos ter dois filhos com diferença de 2 anos de idade. A Madalena fazia birras por tudo e por nada, era demais. Hoje ela continua a fazê-las mas sinto que as coisas já estabilizaram mais, talvez porque o Afonso entretanto já interage mais com ela. Teresa gosto muito de ler o teu blog. Desejo-te muita força e muitas felicidades para a linda família que construiram! Beijinhos. Susana Ferreira

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  2. Minha querida Teresa, as Super-Mulheres tb choram.. e tb gritam... e tb se passam... e tb se questionam se as decisoes q tomaram foram as certas... e tb poem em causa a sua própria força e sanidade... é isso q faz delas super-mulheres! eu sei q isto é mt bonito de se dizer mas custa mt... ó se custa!! eu q o diga pk crio sozinha 2 com 4 e 2 anos cada um, como sabes. mas faz-se, com dias melhores e outros piores e se te apetecer chorar... chora pr'aí mulher! chorar é como o alcool nas feridas - arde mas cura ;)
    FORÇA!
    (ass: Someone's Love Life - tou fartinha deste teu blog q nao me deixa comentar com a minha conta gmail!!!)

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  3. Já passei por isso... também já chorei. Tudo passa, é só manter a calma... e chorar às vezes.

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  4. A minha maninha é o meu orgulho :D chorar faz bem, mas é tão mais bonita quando sorri :D
    Sei que sabe que isto é só uma fase, e que depois vai ser so gargalhadas os quatro em casa, sem birras nem choros.
    Estou em Amesterdão até Sabado, levo lhe daqui uma coisinha .
    Estou com muitas saudades suas, garanto que aquela Squate não é a mesma sem si.
    Beijinhos grandes da sua mana mais nova ( Catarina pequenina)

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  5. Oi vizinha :-) Sou eu a ANGEL. Tive que alterar o meu perfil porque com o GMAIL não dá para comentar.

    Já há algum tempo que não passava por aqui e vejo que as coisas na Casa Amarela não estão fáceis. Mas já sabes como é! um bebé consegue virar as nossas rotinas do avesso... e o primeiro ano é sem dúvida o mais complicado em tudo... os nossos limites são levados ao extremo.

    Eu bem me lembro dos cinco meses de licença de maternidade que passei aqui em casa sózinha com a piolha. Não admira que o meu leite tenha desaparecido por completo ao fim de um mês e pouco!! Eu não conseguia descansar nem comer em condições... tomar banho era um luxo, conseguir tomar o pequeno almoço antes do meio dia era outro luxo... enfim, foram meses muito complicados, de um cansaço extremo. Era a piolha a crescer e a engordar cheia de saúde (graças a Deus) e eu com a pele e o osso!!

    O maridão só chegava do trabalho ao final do dia (estoirado também), o resto da família estava (e está) toda longe, não tinha ninguém para me ajudar em nada. Tive momentos de desespero absoluto. Sem ajudas tudo é ainda mais complicado... tu felizmente ainda tens a preciosa ajuda diária da tua mãe, só isso vale ouro!

    Sempre podes dar uma escapadela para desanuviar pois sabes que a Florzinha e o Sr. Piolho ficam em boas mãos. Nós andamos sempre os três e é assim a nossa vida. E se algum de nós quiser ir ao cinema, a um concerto, a um jogo de futebol, o outro tem que ficar com ela!

    Até os nossos aniversários de casados são comemorados a três!! e uma pessoa habitua-se! já não conseguimos passar sem este reboliço vivido a três, já nem sabemos estar de outra forma... mas no inicio foi dificil pois o cansaço era de loucos :-(

    E depois dos 5 meses de lincença de maternidade a princesa teve que ir para a escola... a minha bebé linda e adorada no berçário... e o meu coração despedaçado por passar o dia longe dela, por não ter outra alternativa, por ter que a sujeitar a um ambiente de escola onde um bebé apanha todo o tipo de viroses e doenças :-(

    Por estas e por outras é que nós não nos metemos no segundo filho. Temos consciência dos nossos limites... ou então só teremos outro filho quando a R tiver 10 anos pois nessa altura já exige outro tipo de atenção e já pode ajudar a tratar do bebé ;-))

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