quarta-feira, julho 4

E agora uma coisa séria:


Ando há que tempos para falar disto por aqui, mas não tenho sabido como abordar o tema.
Hoje é o dia.
O meu filho mais velho, de 3-para-4 anos de idade, recebeu hoje as "notas" da escola. E ponho as "notas" entre-aspas porque efectivamente ele tem 3 anos, anda no Jardim de Infância e notas-notas têm-se a partir da primeira classe. Digo eu, claro está.
Isto para dizer o quê? Para dizer que ele teve muito boas "notas". Muito boas mesmo. Ou seja, e passo a citar:

"O Vasco sabe muito mais do que aquilo que lhe é pedido para a idade..."

É um orgulho?! Pois claro que é.
Qual é então o problema?...

Ora bem, o Sr. Piolho praticamente sabe ler. Conhece as letras todas do alfabeto desde os 2 anos, antes de ir para a escola, portanto, assim como os números. Todos. Ou seja, sabe que os números não têm fim, que são infinitos e que a seguir ao dois mil (que na cabeça dele é um número muito grande!) vem o dois mil e um e depois nunca mais acaba... conhece e reconhece o nome dele, o da irmã, o meu e o do pai e sabe escrevê-los a todos. Escreve PORTUGAL com todas as letras. Se lhe pedirmos para dizer palavras começadas por qualquer letra, ele fá-lo com a maior das facilidades. E depois, senta-se, e escreve-as. Porque as decorou a todas.

Ao nível da "Matemática" (e volto a escrever entre aspas porque com 3 anos a Matemática há-de ser coisa bem diferente da Matemática da 1ª classe, digo eu, lá está...) a educadora fez a seguinte observação:

"O que posso eu dizer?"

Pois que o miúdo, para além de conhecer os número e tratá-los por "tu", faz contas. Não soma 2 mais 2... soma parcelas com 2 algarismos. Pois. E soma, como já uma vez aqui contei, números e letras, em [pequenas] equações correctas. Na mesma sequência de "contas", ele consegue, de cabeça, somar 4 com 3 e depois tira 2 e ainda soma 5. E não há cá contagem com os dedos não senhor. É tudo de cabeça porque é fácil, diz ele...

Nestas idades, dizem os livros, as crianças não sabem, sequer, a diferença entre os números e as letras. São símbolos apenas.

E então?
Então que a educadora sugeriu que falássemos com o pediatra e que o levássemos a um pediatra de desenvolvimento infantil porque quando as crianças são assim excepcionais é mais fácil, para quem lida com elas, seja em casa ou na escola, saber até que ponto é que se pode (e deve) ir mais além...

É isto.
Estou preocupada porque queria mesmo, mesmo, mesmo que ele fosse um menino como os outros, especial sim, mas só para nós, os pais. Tenho receio do desenquadramento futuro já que ele agora não entende como é que os coleguinhas não conseguem fazer ou fazem errados os trabalhos que ele faz sem qualquer dificuldade, com "uma pern(inh)a às costas"...

(suspiro)




3 comentários:

  1. Percebo a tua preocupação, mas se ele é assim "especial" só tens de tirar o melhor partido por isso... e se ele sente que os amiguinhos da idade dele não o conseguem acompanhar se calhar é mais frustrante do que ele ir para o 1º ciclo... ou uma escola especial não sei bem como é tratado esse tipo assunto.

    seja como for só tens de te sentir orgulhosa dele e tentar falar com profissionais que te encaminhem no rumo certo para ele!

    jokas

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  2. Olá!
    E deixaste-me preocupada a mim, que o meu é tal e qual! E ainda não têm 4 anos. Medo, muito medo.

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  3. Compreendo perfeitamente a tua preocupação Teresa porque os casos especiais (sejam bons ou maus) são sempre uma preocupação porque são isso mesmo, especiais. Uma vez até falei contigo sobre o assunto. Nós pais temos que colocar um certo travão em determinadas situações porque aquilo que pode parecer um orgulho, acaba mais tarde por ser uma valente dor de cabeça para nós e sobretudo para eles que começam a ser uns desajustados.

    Ainda na semana passada estive a falar com uma professora e um dos temas foi o desinteresse das crianças quando chegam à primária. É uma situação complicada para muitos professores porque se deparam com crianças que já sabem ler e outras que não sabem quase nada, ou seja, turmas demasiado heterogéneas onde é difícil motivar todos e aplicar um método de trabalho/estudo. E com o passar do tempo os pequenos génios acabam por ter um péssimo desempenho porque aquilo não lhes diz nada, perdem o interesse por completo e entram no mundo da frustração muito cedo.

    As crianças hoje em dia são sobre estimuladas e aquelas que têm uma boa cabeça começam a ter um desenvolvimento excepcional e isso é preocupante sim. No nosso tempo íamos para a escola aprender a ler, a escrever, a contar, a ver as horas, cada aula era uma descoberta... hoje é o oposto. Se é preocupante??? MUITO.

    Por isso, com tudo o que ouvi, optei por me tornar menos exigente com certas coisas porque é para o bem dela... e para o nosso também ;-) não é fácil, tendo em conta a curiosidade feroz da piolha e o meu desejo de lhe dar a conhecer o mundo... mas faço os possíveis para não passar os limites do razoável para que daqui a uns anos o feitiço não se lance contra o feiticeiro ;-)

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