quarta-feira, agosto 8

A morte e a etiqueta social


No início da semana morreu a mãe da Aministradora da empresa onde trabalho.
A senhora já era velhota, tinha 83 anos, mas estava ótima e ainda prás curvas!
Lembro-me de ouvir contar que há dois anos ainda foi com a filha à Austrália, visitar o outro filho que lá vive, assim, como um neto e os bisnetos!
Esse filho que vive tão longe veio para acompanhar a mãe à última morada.
Por isso a senhora morreu na 2ª feira à noite e só amanhã é que o corpo segue para a Igreja e na 6ªf é que será o funeral.
Isto para dizer que, mal se soube, começámos todos a fazer contas de cabeça às agendas pessoais e profissionais porque, diziam uns, a estas coisas não se deve faltar, ainda mais sendo mãe de um dos administradores. Que parece mal. E os que estão de férias, mesmo que estejam a muitos kilómetros de distância de Lisboa, terão que vir, diziam outros.
Cá para mim é assim: é evidente que ninguém gosta (digo eu!) de velórios e funerais! É evidente que não é (suposto ser) nenhum acontecimento social para o qual devemos ir para sermos vistos!
Mas também me parece que há situações em que o nosso coração nos diz para irmos, para podermos dar um beijo ou um abraço a quem perdeu um ente querido e para isso, parece-me, arranja-se sempre agenda.
A mim, confesso, é um transtorno: amanhã o meu sogro festeja 66 anos e, naturalmente, há jantar de família com os filhos e os netos. E eu não posso (nem quero!) faltar!
Lá me organizei mentalmente e prevejo sair cedo, como todos os dias, passar na igreja para dar um abraço a quem conheço, a filha da defunta, portanto, e sigo para a maratona habitual: buscar os petizes cuja roupa (de festa) ficará desde manhã entregue na avó, buscar o papá e rumar à festa que nos espera...
No dia seguinte, toma lá uma missa logo de manhã para abrir a pestana onde farei o chamado dois-em-um: marco presença na última celebração da senhora e aproveito para trocar umas palavras com Ele. Porque me apetece. O funeral vou "passar". Considero ser demasiado privado para o nível de confiança que tenho com a família de quem morreu. É a última morada, o Adeus para sempre, a angústia da separação definitiva. A família estará mais vulnerável, emocionada e fragilizada e pode não querer chorar (que é mesmo assim) à frente de montes de malta que nunca viu mais gordos.

Mas isto é só o que eu acho. Ora pois!

1 comentário:

  1. Penso que devemos marcar presença nestas situações...arranjamos sempre maneira de nos organizar!

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