sexta-feira, fevereiro 15

Enxovalmente falando....


Eu ainda sou do tempo em que a mãe e as avós e as tias e tudo quem se lembrava que eu era uma miúda, me comprava cenas para o enxoval. De maneiras que, todos os Natais e anos, a partir aí dos meus 13 ou 14 anos, recebia o belo pano de loiça com o Galo de Barcelos, o guardanapinho para levar o lanche para a escola... espera, para a escola não. Para o trabalho ou para mandar o lanche do marido para o trabalho. Bordado, normalmente com pêras ou maçãs e folhagem verde. E depois há também os turcos, conjuntos imensos, fofinhos e com bordado a ponto cruz que a minha mãezinha com todo o cuidado gravou laços e peixinhos, em vários tons, entre o azul celeste e o verde bandeira. Uns, mais arrojados, em xadrez, que conjugavam com outros lisos, de um turco felpudo e muito agradável ao toque e que, mesmo novos, limpavam que era uma maravilha. Mais perto do casório (o primeiro, leia-se), veio o faqueiro, dos bons, dizia a avó, o trem de cozinha, do melhor, ui, não havia na loja coisa mai linda, as toalhas de jantar vindas do Norte, seja lá isso o que for e os lençóis com bordados e em linho e peças únicas, só aqui para a menina.
Mas eu era das que gostava disto.
A sério que sim!
Não me importava nada de receber, em vez de um par de calças ou mais uma camisola, umas pegas ou uns panos das mãos, que guardava religiosamente dentro de uma arca no meu quarto de solteira, onde, de tempos a tempos, atualizava a lista para ter a certeza do seu interior: 7 jogos de lençóis brancos, 2 jogos de florinhas azuis, 4 conjuntos de toalhas turcas brancas, 18 panos das mãos estampados, 6 panos da loiça com galinhas, 1 veste-garrafas, 5 panos do pó, 4 paninhos de tabuleiro em linho, 2 paninhos para a cesta do pão e argolas de guardanapos em casquinha.
A maioria das minhas amigas gozavam e achavam uma parvoíce estar a comprar, com tanta antecedência, coisas que depois podiam não se usar e que podia comprar a meu gosto.
Mas eu nunca liguei muito ao assunto, e confesso que na altura, quando comprei casa e desempacotei tachos e serviços e faqueiros e panos e tudo, me soube muito bem ter aquilo tudo, tão delicadamente guardado e pronto a usar, para me poder preocupar com os móveis e a decoração em geral. Se na altura do casamento me tivesse que preocupar em comprar garfos e colheres de pau, não tinha tratado dos cortinados e da colcha.
Mas isso eram outros tempos!
Isto tudo para concluir que agora, que já lá vão quase 12 anos desde que estreei muitas daquelas coisas, me apetece mudar e substituir. E é o que tenho feito, aos poucos.
Se é certo que há coisas verdadeiramente intemporais, como o faqueiro ou o trem de cozinha, lindos, eles, a sério que sim, outros há que já não apetece, de todo, usar, como os turcos com peixinhos e que já se reformaram há uns anos bons.
Quando mudámos para a Casa Amarela, renovei na totalidade os panos de cozinha. Da loiça e das mãos. Tudo novo. Lisos, de cores básicas e em algodão.
As toalhas de jantar, como são todas muitíssimo clássicas, bordadas e lisas, ainda não tive necessidade de comprar mais e, se o fiz, foi porque acabei por não ter o que usar na mesa do jardim e então 'bora lá comprar uma em linho grosso, assim laranjinha, bem moderninha...
Também comprámos mais um conjunto de toalhas de casa de banho, lisas, de cores neutras e conjugáveis com outras mais antigas e uns quantos lençóis lisos de cores pastel.
E agora, quando me apanhar com o quarto novo e a casa de banho (novamente) renovada, vou perder-me de amores por mais umas quantas peças, já sei, e outras terão que sair.

No hard feelligs :)

1 comentário:

  1. eu já estou casada à 20 anos e só agora comecei a mudar. Claro que entretanto tive de comprar lencois para as camas das crianças, mas os da minha cama, ainda são os mesmos. Neste último Natal, confesso que pedi à minha mãe para me dar mais panos de cozinha. Nem é pelo dinheiro que custam, é mais para ela saber que aqueles que me comnprou à 30 anos atrás ainda duram...

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