Que canseira...

Hoje fomos a uma festa de anos.
Uma tia do papá faz anos e fomos jantar com ela.
E o cómico é que o papá não foi. Ainda está a trabalhar.
Contando com a saída pouca tardia, chegámos cedo, eu e os meninos.
Jantar, partir bolo, lavar mãos, xixi, trocar fralda, adeus a todos, carro.
No regresso, pouco passava das nove e meia, olho para o espelho retrovisor: pintaínhos ferrados a fazer óó.
E agora?
Chegados a casa, não há lugar à porta.
Boa.
Primeira cavadela, minhoca.
Três carros mais à frente, um buraquinho.
E agora?
Tirei as coisas do carro, a minha mala, a mochila dela, mais um saco e o meu casaco.
[A esta hora já estava eu a suar, ora pois...]
Abri a porta de casa e deixei lá a chave (na porta e do lado de fora, claro!).
Pousei a tralha.
Rumo ao carro a passos largos.
E agora?
Pego nele que ressonava.
Passos rápidos, entro em casa e pouso-o em cima do sofá, que são quê?, uns dez passos a seguir à porta de entrada e a uns trinta passos do carro estacionado com a miúda a dormir lá dentro.
E agora?
A correr até ao carro, pego nela que também dormia profundamente.
Mais calmamente, a ver se a bichinha não acordava, entrei em casa.
Com ela ao colo, fecho o carro, a porta de casa, descalço os sapatos de salto e subo as escadas.
Ele ressonava na sala.
Pousei-a na minha cama mas despi-lhe primeiro o casaco.
Vinte e três graus, marcava o termómetro do quarto.
Desci, despi o casaco ao Sr. Piolho e subi as escadas com ele ao colo.
Entretanto já lhe tinha aberto a cama.
Deitei-o, despi-o, vesti-lhe o pijama.
Nem um ai.
Preparei roupa para amanhã, a dele e a dela, e fechei janela do quarto.
Desci, enchi e aqueci um biberão de leite e subi.
Vesti o meu pijama.
Despi-a e vesti-lhe o pijaminha.
Sem meias porque tinha os pés quentes.
Dei leitinho.
Deu um ai, como que a dizer "Tão bom, mamã, era mesmo isto que me estava a apetecer..."
Deitei-a.
E agora?
Agora tenho um cestão de roupa para dobrar mas fica para amanhã.
Vou comer uma Clarinha de Fão (alguém sabe onde fica Fão???) que os meus pais nos trouxeram de um passeio pelo Minho.
E esperar o meu homem que deve estar mesmo, mesmo quase a chegar, morto de cansaço e de fome.

Que canseira...